quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Workaholic: quando o trabalho deixa de ser um prazer e se torna uma compulsão


Segundo o Aurélio, o workaholic é o indivíduo que trabalha compulsivamente, relegando outras atividades. A definição condiz com a dada por especialistas aos viciados em trabalho. Compulsão parece ser, de fato, a palavra-chave para esse problema que atinge àqueles que colocam a atividade profissional à frente de tudo.

- São pessoas que esquecem das outras esferas que compõem a realidade, como a vida social, o lazer e, até mesmo, o ócio. Elas normalmente apresentam dificuldade em imaginar suas vidas sem o trabalho e se caracterizam por uma dedicação extremada a suas atividades profissionais - explica Rodrigo Paiva, especialista em administração e RH do Instituto IOB.
Essa dedicação, quase exclusiva, pode fazer com que um importante elemento fique de lado: a saúde. Consequências negativas dessa obsessão são destacadas pela Dra. Marcia Bandini, diretora da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt).

- O vício faz com que a pessoa não se cuide, mas cada indivíduo vai responder de uma forma a isso. Alguns deixam de se alimentar, resultando até em um quadro de desnutrição. Outros, alimentam-se apenas de guloseimas, ganhando peso. Outra situação comum, é a pessoa não conseguir dedicar um tempo nem para ir ao banheiro, tendo como resultado, por exemplo, doença do trato urinário e pedras nos rins. Dores musculares e problemas arteriais também são recorrentes, já que essa pessoa fica o tempo todo na mesma posição e costuma ser sedentária.

Por isso, é importante saber quando a carga de trabalho ultrapassa a linha da normalidade. Alguns sinais são dados e não podem ser ignorados:

- As demonstrações podem ser variadas, mas quando o estresse já está mais agudo, a pessoa pode começar com dores de cabeça, insônias, problemas de memória e dispersão, problemas que, com certeza, levam à baixa produtividade - esclarece Márcia Merquior, doutora em saúde coletiva pelo IMS-Uerj e supervisora da avaliação de estresse emocional do Vita Check-up Center.

A pergunta que fica no ar é: uma carga exaustiva de trabalho pode tornar a pessoa menos produtiva? Parece irônico, mas Bandini garante que sim.

- O cérebro precisa descansar para se recuperar. Ao exigir muito da capacidade cerebral em cima sempre da mesma função, no caso o trabalho, será produzida uma fadiga mental. A pessoa tenta fazer várias coisas ao mesmo tempo, mas não consegue concentrar-se em nenhuma delas. Assim, se torna um indivíduo improdutivo.
O porquê de alguém se tornar workaholic não pode ser creditado a apenas uma razão. Porém, Paiva considera algumas possibilidades:

- Para alguns, o foco no trabalho é uma fuga para não encarar a falta de amigos e de envolvimentos afetivos. Mas nem sempre é assim. Muitos possuem uma vida social e afetiva, mas tendem a se tornar workaholic quando mudam de emprego ou quando se sentem realizados somente com conquistas, que são mais fáceis de alcançar no âmbito profissional.
As pessoas que cercam esse indivíduo têm um papel importante na identificação desse problema. O alerta deles pode ser uma forma de o doente conseguir reconhecer sua fragilidade e algumas características são comuns entre os ''viciados''.

- Por sua característica de dependência emocional, a pessoa, na maioria das vezes, torna-se extremamente irritável, mais rude, arrogante, o que não são boas características de um líder ou de um amigo - diz Márcia Merquior.
Segundo ela, o essencial a ser entendido é que o vício em trabalho tem características comuns a qualquer outra adicção:

- A pessoa passa a ter uma relação de dependência emocional do seu sucesso e perfeccionismo, a ponto de se isolar de suas relações sociais, afetivas e familiares, tendo o trabalho como um meio de preencher uma sensação de vazio e angústia. Para não enfrentar outros medos, mais primitivos e incompreensíveis, o excesso de trabalho a protege, assim como um esconderijo. No entanto, isso tem um enorme custo, inclusive físico, podendo ser os primeiros indícios de um processo depressivo ou fóbico.
Saber como buscar ajuda para sair dessa situação é crucial.

- Há três meios essenciais para esse profissional voltar a ter uma relação saudável com o seu trabalho. São eles: procurar um médico, normalmente um clínico; um psicólogo; e, também, buscar ajuda no seu meio social, como amigos e família. O essencial - e que precisa ser entendido - é que a relação com o trabalho pode e deve ser boa. O workaholicé um obsessivo, mas existe o worklover, que é um apaixonado por sua atividade profissional, que consegue conciliar o trabalho com o seu lazer e com as pessoas que ama. Esse é o caminho do equilíbrio - finaliza a diretora da Anamt.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/emprego/workaholic-quando-trabalho-deixa-de-ser-um-prazer-se-torna-uma-compulsao-3079871#ixzz1donq1Bme
© 1996 - 2011. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.

Nenhum comentário:

Postar um comentário